BAFOMETROGATE – As 8 perguntas que o senador Aécio evita responder

Conforme prometido, comento a defesa de Aécio Neves publicada no site Minas Transparente (bloco liderado pelo PSDB na Assembléia Legislativa do Estado) e assinada pelo deputado estadual João Leite (PSDB-MG).

O texto da defesa do senador vem em negrito. O meu, em itálico.

TESTE DO BAFÔMETRO

“Na madrugada do dia 17/04, o senador Aécio Neves parou numa blitz do Rio de Janeiro. Sua carteira estava vencida há um mês. O documento ficou retido e, seguindo instrução do agente, providenciou um motorista habilitado a dirigir o veículo até seu apartamento a poucas quadras do local. Como já havia outro motorista à frente do veículo, julgou desnecessário fazer o teste do bafômetro.”

Assim que começou a circular a notícia de que Aécio havia sido pego na blitz, a assessoria do senador divulgou uma nota que dizia: “Com relação às notícias veiculadas sobre o uso ou não do bafômetro, essa assessoria informa que, uma vez constatado o vencimento do documento de habilitação e providenciado outro motorista para condução do veículo, o mesmo <ou seja, o teste do bafômetro> não foi realizado.

Resumo: a assessoria de Aécio omitiu que ele se recusara a fazer o teste.

A estratégia de Aécio foi por água abaixo, contudo, quando logo em seguida o governo do Rio de Janeiro divulgou uma nota oficial em que esclarecia que Aécio “preferiu não fazer” o teste do bafômetro.

Vemos agora, no texto de defesa do senador assinado por João Leite, uma correção de rota na estratégia aecista: tenta-se jogar o foco na carteira vencida e, ao mesmo tempo, desidratar o gesto do senador de negar-se a fazer o teste do bafômetro (teste esse antes defendia por Aécio como forma de “educar com um pouco mais de vigor”).

Como homem público que é, em vez de botar sua assessoria e seus aliados para tergiversar, Aécio precisa esclarecer em definitivo os seguintes pontos nebulosos da história:

1) Bebeu antes de dirigir?

2) Se não bebeu, por que se recusou a fazer o teste, gesto que antes defendia?

3) Se bebeu, assume o erro?

RÁDIO E CARROS

“Desmentida esta versão <de que a carteira de Aécio não estaria vencida, que circulou na internet>, tentou-se um outro alvo de desgaste do senador: o fato do carro que ele dirigia não estar relacionado na sua declaração de imposto de renda, mas  pertencer à retransmissora da rádio Jovem Pan em Belo Horizonte, empresa da qual ele passara a fazer parte como sócio em dezembro passado.

Começa um novo round. Novas mentiras.

O senador pode ser sócio de uma emissora de rádio? Pode!

A rádio pertence à família dele há quase 20 anos. O carro está corretamente registrado em nome da empresa? Está!

Então qual é o problema? Nenhum, mas a caça à raposa – ou ao tucano, como queiram – ainda não acabaria.”

Para um homem público, o fato de uma conduta ser legal não significa que esteja livre de questionamento, ainda mais quando se trata de uma concessão pública. No caso da rádio e do carro de Aécio, falta esclarecer:

4) Se a Rádio Arcos Íris, repetidora da Jovem Pan em BH, pertence à família Neves “há quase 20 anos”, por que só agora, depois da eleição, Aécio se tornou sócio dela?

5) Por que antes mesmo de Aécio figurar como sócio da emissora seu carro pessoal estava em nome da rádio?

6) Por que outros quatro carros de luxo, além da Land Rover que Aécio dirigia quando foi pego na blitz, estão em nome da rádio (um Audi A6, outra Land Rover e duas camionetes)? Quem utiliza os carros?

O JATINHO

“Alguém divulgou a foto de um avião que pertencia ao padrasto de Aécio, o banqueiro Gilberto de Andrade Faria. Falecido há dois anos e esposo de sua mãe por 25 anos. O avião chega a ter as iniciais do dono na cauda GAF. Hoje pertence a uma empresa de táxi aéreo da família dele. Familiares usam eventualmente o avião sem custos.

O senador já usou o avião? Sim. Algum problema? Nenhum!”

De novo, a cortina de fumaça: joga-se o foco no padrasto já morto e desidrata-se a questão dos atuais proprietários do avião.

A “empresa de táxi aéreo da família” do padrasto de Aécio tem como sócio Oswaldo Borges da Costa Filho. Desde a gestão Aécio no Governo de Minas (2003-2010), Borges da Costa Filho é presidente da Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais), empresa controlada pelo governo de Minas.

A Codemig é um pote de ouro. É por meio dela que o Estado de Minas Gerais participa de negócios bilionários no setor de mineração. Além disso, a Codemig responde por algumas das maiores obras do governo mineiro, como a Cidade Administrativa Tancredo Neves, que custou R$ 1 bilhão. Algum problema? , perguntaria o deputado João Leite. Talvez não, talvez sim. Para que a sociedade tenha certeza, Aécio e o presidente da Codemig precisam vir a público esclarecer:

7) Por que Aécio usa, com frequência, um jatinho que tem como sócio um apadrinhado dele no Governo de Minas?

8 – Por que, com freqüência, o presidente de uma empresa controlada pelo Governo de Minas que trata com negócios bilionários empresta o jatinho do qual é sócio para o padrinho senador?

Como se vê, no Bafometrogate, ainda pairam muitas perguntas no ar. Talvez Aécio tenha resposta para todas. Estranha, porém, o fato de, oito dias depois da blitz, o senador se negar a prestar contas à sociedade. Isso sim não tem resposta.

10 Comentários

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10 Respostas para “BAFOMETROGATE – As 8 perguntas que o senador Aécio evita responder

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  7. Ronam

    Já que Aécio Ébrio Neves foi instruído para convencer o mundo que a CNH estava vencida a 30 dias, vou convidá-lo para tomar umas com a gente ,uhuhuh.
    Enfim encontramos o Boris Yeltsin das Alterosas !!!

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  9. Wanderson Esteves

    O Aécinho quer convencer a todos que preferiu ser multado ao usar o bafometro, só porque ja tinha sido comprovado outra infração carteira vencida?? Na verdade o lider da oposição foi pego por ele mesmo.

  10. Lu Pereira

    Oito de muito outros mistérios que envolvem os Neves….

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