A revista Época desta semana traz uma entrevista com o senador Aécio Neves (PSDB). Coisa rara: o mineiro se posiciona de forma objetiva em dois assuntos delicados: descriminalização do consumo de maconha (Aécio é contra) e descriminalização do aborto (contra, também).
Como se vê, desenha-se para Aécio uma candidatura conservadora.
De resto, Aécio toca a entrevista no já conhecido estilo Rolando Lero, com afirmações do tipo:
. “O PSDB passou por uma reorganização em sua direção e agora inicia um processo de debates com a sociedade.”
. “O governo se contenta em administrar a pobreza em vez de fazer a transição real dos pobres para uma situação de melhor bem-estar.”
. “Política é a arte de administrar o tempo.”
No final da entrevista, uma pergunta incomoda Aécio:
ÉPOCA – No começo do ano, o senhor foi flagrado dirigindo com carteira de habilitação vencida e não fez o teste do bafômetro. O senhor é favorável ao endurecimento da Lei Seca, em discussão no Congresso?
AÉCIO – Sou. Votei na Comissão de Constituição e Justiça pelo endurecimento da lei. Estamos aplicando-a em Minas, com resultados muito positivos. Esse episódio já foi explicado. Há sempre a exploração política, mas a gente tem de se preparar para ver isso com naturalidade.
Conforme pode ser facilmente verificado no melhor detector de mentiras do planeta, o Google, não é verdade que Aécio tenha explicado o Bafometrogate. O mineiro tem dificuldade em dizer o que aconteceu naquela madrugada.
Na verdade, a recusa de Aécio em passar pelo teste do bafômetro é a coisa menos importante do episódio. Mais grave, por exemplo, foi Aécio, num primeiro momento, por meio de sua assessoria, ter tentado omitir que, naquela madrugada, a PM do Rio requisitara a ele que fizesse o teste bafômetro (a tática diversionista falhou quando o Governo do Rio divulgou uma nota contando a verdade). Ou seja: primeiro, Aécio recusou o bafômetro. Depois, tentou enganar a opinião pública.
Mas não foi só. No rastro do Bafometrogate, algumas questões graves apareceram na vida do mineiro: uma rádio FM, uma frota de carros de luxo e um jato privado. Para nada disso há explicação ainda.
Há sete meses, o blog listou oito perguntas do Bafometrogate que Aécio evitava responder. As perguntas não só continuam de pé como o tucano continua a evitá-las, conforme revela agora a entrevista de Aécio na Época.
Péssima estratégia para um candidato a presidente da República.
Mas a Época parou por aí? Ou questionou o senador com o básico “Quais foram suas explicações ao episódio?” e as questões sobre o jipe e a rádio?
Ou o repórter não cutucou ou a edição cortou.
Pois é…