José Serra não aprende. Não bastasse o isolamento numa fatia grande do PSDB, operação armada pelo senador Aécio Neves, seu colega-adversário, Serra caiu numa armadilha montada por Itamar Franco (PPS-MG), senador redivivo na última eleição justamente pelas mãos de Aécio.
Nos últimos dias, Itamar, o imprevisível, saiu pelos corredores e pelo plenário do Senado a defender a convocação de Serra à Casa. Itamar advogava que Serra deveria ser chamado para defender publicamente a proposta que apresentara na campanha presidencial de elevar o salário mínimo a R$ 600 ainda neste ano. O objetivo de Itamar, segundo o próprio, seria ampliar o debate sobre o tema, até então dominado pela proposta do governo, de R$ 545. Muito bom, muito bem, não fosse o fato de que, até a eleição de 2010, quando ao menos tecnicamente estiveram no mesmo lado, Itamar alimentou por Serra um desprezo colossal. (Nesse caso, não valia a máxima de que mineiro não briga, mas também não perdoa, já que um dos esportes preferidos de Itamar sempre foi falar mal de Serra.) Noves fora os desentendimentos do passado, o certo é que, do Senado, Itamar lançava um tapete vermelho na direção de Serra – e o gestou encontrou ressonância. Dando gás ao plano, o jornal Estado de Minas, porta-voz dos interesses de Aécio, replicou o convite: “Itamar quer convocar Serra para explicar mínimo de R$ 600”.
Parecia armadilha – e era. Mas Serra pagou para ver.
Ontem, Serra foi a Brasília. Não falou no Senado, mas em reunião com deputados e senadores tucanos, o candidato derrotado à Presidência defendeu o salário mínimo de R$ 600. “É factível”, disse ele. No mesmo dia, o governador de São Paulo, o também tucano Geraldo Alckmin, anunciou que o valor do salário mínimo no Estado será de R$ 600. Por algumas horas, alguns jornalistas, eu inclusive, enxergamos na fala sincronizada de Serra e Alckmin uma inusitada harmonia no ninho tucano. Cheguei a postar no twitter (@_lucasfigueired) que Itamar tinha servido de escada para Serra. Qual o quê. Em Minas, nada é o que parece.
Leio hoje na coluna Painel da Folha de S.Paulo, usada por Aécio para mandar recados, a seguinte nota:
“Água e óleo – Até o salário mínimo divide José Serra e Aécio Neves. Enquanto o primeiro foi a Brasília tentar convencer a bancada tucana a abraçar os R$ 600 defendidos por ele na campanha, aecistas argumentaram que a oposição soará oportunista se bater o pé por esse valor, especialmente se as centrais sindicais aceitarem algo mais modesto, como tudo indica que irá acontecer.”
Não foi a única lambada que Serra levou. Ontem, o Estado de Minas – o mesmo que noticiara com destaque o inusitado interesse de Itamar em convocar Serra ao Senado – noticiou na capa: “Serra defende R$ 600, mas prefeitos tucanos refutam”.
Buscando a luz, fugindo do fracasso da eleição e da perseguição de seus pares tucanos, Serra acreditou que ia se dar bem com o aceno de Itamar. Não sabia ele que Minas é a Calábria do Brasil.
Uai, Lucas! Declarou guerra ao Estado de Minas? Quantos anos você trabalhou lá? Quantas vezes vc saiu e voltou a trabalhar lá? Coisa feia ficar falando mal do jornal que pagou seu salário tantos meses! Ressentido com a campanha de Hélio Costa?
Me orgulho do trabalho que fiz no Estado de Minas e nenhum arrependimento. Tive ótimas condições de trabalho, o que contribuiu para que, em quatro anos, eu ganhassse 3 prêmios Esso e 1 Imprensa Embratel. Nunca achei que, pagando o meu salário, o jornal quisesse me comprar, assim como nunca aceitaria me vender. Sou jornalista e não abro mão de interpretar a notícia como ela é. Se isso incomoda A, B ou C, que reagem com agressão, esse é preço que o jornalista tem de pagar por ser um fiscal da sociedade. Em Minas, parece pecado criticar.
Quem vive no interior de Minas,aqui no Triângulo Mineiro sabe muito bem quem é aecin.Só lembrou do povo interiorano às vesperas das eleições.tudo que ele fez foi criar o choque de IN(digestão) levando a saúde ao caos ,junto com a educação e a infra estrutura do estado.Deixou seu escudeiro -mór anestesia que continua “chocando “o povo mineiro .Aqui como em S.Paulo escolas estão em péssimo estado.Tem escola que o muro ameaça cair qualquer hora em cima dos alunos.É a herança maldita de aecin. Não é nem um pouco diferente de serra ou de fhc.não se esqueçam ,são PSDB,aves do mesmo ninho ,portanto farinha do mesmo saco.
Parece frase de Dona Lô: MINAS É A CALÁBRIA DO BRASIL… rsrsrsrs
Espiem o que falou Dona Lô:
“– Os chatonildos do PSDB querem o que Serra prometeu quando candidato: salário mínimo de R$ 600,00 (seiscentos reais). E pasme! Como, se ele não ganhou as eleições? Piraram! Não esquecendo que qualquer aumento do salário mínimo impacta os gastos públicos globalmente… Há uma contradição com a promessa da Dilma-candidata: conter os gastos públicos. Bem, não sou economista e nem admnistradora… Dilma tem lá suas razões. Talvez não sejam bem dela, mas do Estado que preside!
–…
– Por mim, o salário mínimo seria o do Dieese, calculado agora em fevereiro: R$ 2.194,76 (dois mil, cento e noventa e quatro reais e setenta e seis centavos), que é realmente o valor que assegura o mínimo para sobreviver sem riscos. Mas aí, quem correria riscos seria o Governo, pois precisaria fazer um maior ajuste fiscal e abrir mão de investimentos em todas as área. E é isso que a tucanaiada quer. São cruéis! Mas nissso ninguém fala…”
In, Laurinha era ariri de festa e vivia zanzando pelas quebradas…
http://talubrinandoescritoschapadadoarapari.blogspot.com/2011/02/laurinha-era-ariri-de-festa-e-vivia.html
e assim Aécio com a ajuda do PIG caminha para 2014.
Temos que fazer algo…
Esse estilo do Itamar de fazer política é genial. Tão genial que dá um certo medinho…. Mas, nesse caso, vamos combinar? a orquestração com Aécio deve ter sido pesada. De qualquer forma, foi mesmo golpe de mestre. Tancredo deve olhar pra baixo, ou pros lados, ou… sei lá, e ver que teve gente que aprendeu direitinho, né? E, pra piorar, essa gente ainda faz dobradinha pra coisa ficar mais maquiavélica….
A chapa tem doce de leite, romeu & julieta e ambrosia. Mas é quente!
Lucas,
Como carioca por nascimento e temperamento, mas que se sentiria também muito feliz se fosse conterrâneo de Drummond (Carlos e Roberto), Guimarães Rosa, Tancredo, JK, Itamar, Pelé, Otto, Sabino, Hélio, Ziraldo, Capanema e tanta, tanta gente que este espaço não comporta (inclusive Mme. de Hauteville), peço licença para discordar. Minas não é Calábria, é Toscana, com seus maquiavéis e medici no bom sentido.
Calábria ou Toscana, a coisa aqui é diferente, concordamos.
Lucas,
O Serra foi um grande decepção, não que o achasse o supra-sumo da capacidade política. Mas a última campanha escancarou seus defeitos e ocultou – talvez para sempre – suas qualidades.
Fraco, obcecado, inábil nas articulações, hesitante, teimoso.
Sem dúvida nenhuma, Serra vinha navegando na complacência da mídia paulistana que fazia ao contrário do que vimos: ocultava seus defeitos e superestimava suas parcas qualidades.
Não sou muito fã de tucanos e assemelhados, mas entre Aécio e Serra há uma considerável diferença.