O fim e o fim das sacolas plásticas

Olhem bem para esta sacola plástica: ela destrói o planeta, mas não se culpe se sentir saudades dela

Por força de lei, as sacolas plásticas foram abolidas dos supermercados de Belo Horizonte. Em São Paulo, acontecerá o mesmo a partir de 2012. A tendência é que, mais cedo ou mais tarde, todo o Brasil copie a medida. O meio ambiente agradece.

A partir da experiência belorizontina, veja os efeitos dessa evolução nos hábitos de consumo:

PRIMEIROS 10 DIAS – Toda vez que chegar ao caixa do supermercado, você ficará encantado ao saber (ou ser lembrado) que as sacolas plásticas não fazem mais parte de sua vida. Comprará sacolas não descartáveis – elas serão vendidas no caixa – e ao fazê-lo experimentará uma sensação de euforia e bem estar, talvez até um leve torpor. É a descarga de endorfina no sangue, resultado do exercício dessa nova prática de cidadania.

Inevitável será fazer um comentário bem humorado na linha “pra frente é que se anda” com a moça do caixa ou com o cliente ao lado. Todos darão risadas.

ENTRE 10 E 30 DIAS – A ficha ainda não caiu. Toda vez que chegar ao caixa do supermercado, dirá, ainda bem humorado: “putz, esqueci de trazer as sacolas de casa de novo…”. Terá três opções: comprar a 20ª sacola não descartável, disputar uma caixa de papelão com o cliente ao lado ou carregar as compras na mão. Mais tarde, já em casa, ao comentar o ocorrido, você estará plenamente realizado do ponto de vista do consumidor consciente. Mas não estará sorrindo.

ENTRE 30 E 45 DIAS – Começa a crise de abstinência.  Mesmo que não esteja no caixa do supermercado, você não conseguirá esquecer as sacolas plásticas. Como acontece com o ar que respiramos, cuja importância só é completamente percebida quando falta, você finalmente perceberá que sua vida girava em torno das sacolas plásticas.

O estoque antigo, que antes pelo excesso era um incômodo, acabou. Não há mais sacolas plásticas para o lixinho da pia da cozinha e para os cestinhos de papel dos banheiros. E o problema tende a aumentar.

No que tange ao lixo doméstico, pelo menos por ora, você não encontrará no mercado um substituto para as sacolas plásticas de supermercado; a indústria ainda não está preparada para suprir a demanda de sacos plásticos de lixo com capacidade para 10 kg ou menos (anote: 10 kg ou menos – esse dado será muito importante quando você sair à caça de sacos plásticos de lixo para suprir a carência das sacolas plásticas de supermercado).

E agora vem o pior: pelo menos 30% das vezes em que passar pelo caixa do supermercado, você terá se esquecido de levar suas sacolas para acondicionar as compras. Nessa altura, o porta-malas do carro estará entulhado de sacolas não descartáveis.

DEPOIS DE 45 DIAS – As chances de você ter se tornado um junk plastic bag são imensas. Quando for ao sacolão, passará a acondicionar os legumes e verduras em várias sacos plásticos a fim de reaproveitá-los. (Esse também é um dado relevante: só as sacolas plásticas do caixa estão proibidas, os sacos plásticos – aqueles sem alça – que embalam alimentos in natura continuarão a ser “legais”).  De repente, você se surpreenderá comprando legumes que nunca comprou antes só pela conveniência de ganhar um saco plástico.

Atenção: antes do advento do consumo consciente, você certamente amarrava a boca do saquinho plástico ao comprar berinjelas, por exemplo. Não repita esse gesto nunca mais. É grande a probabilidade de o nó inviabilizar o posterior reaproveitamento do saco.

Fique atendo também aos caixas do supermercado, que, ao passar a mercadoria na balança, pelo vício do hábito, tendem a dar o nó nos sacos plásticos. Explique a eles que você está matando cachorro a grito e que é capaz de cortar o dedinho esquerdo em troca de uma sacola plástica.

O FUTURO – Somos uma geração de passagem. O mundo será melhor no futuro graças a uma iniciativa inaugurada por nós. Pense que seus pais e avós e também seus filhos e netos nunca passarão pelo drama que você passará. Segure as pontas. Nos piores momentos, lembre-se de que está salvando o planeta. Um dia, a vida sem sacolas plásticas será absolutamente normal.

8 Comentários

Arquivado em Cidadania, Meio ambiente

8 Respostas para “O fim e o fim das sacolas plásticas

  1. Boa tarde; Eu também concordo com o fim das sacolas plásticas, é uma questão de conscientização no inicio vai ser um pouco dificil a adaptação mas o meio ambiente agradece!

  2. Katia Becho

    nos supermercados franceses, vc tem a opção de pagar 0,03 euros se se esqueceu de levar as sacolas plásticas. Acho uma boa medida, pois educa ao mesmo tempo em que dá opção (sem demagogia).

  3. Concordo com o fim de todas as embalagens plásticas. Mas a maneira como foi conduzido o processo em Belo Horizonte é simplesmente marketing para o prefeito. Chega a ser ridículo comprar um monte de produto em embalagens de plástico e não ter uma sacola para agrupá-los e carregá-los. Na verdade, o prefeito de BH só criou mais um produto para os estabelecimentos venderem.

  4. Mara

    E o desemprego…eu sou uma vitima disso
    ninguem pensa nas milhares de familas afetadas com isso

  5. Triste é o hábito do consumidor que levava sacola pra casa pra usar de lixo. Assim, ele podia separar seu lixo sem maiores gastos. E não se pagava pelas sacolas antes pelo mesmo motivo que se paga pelas sacolas agora – hábito.

    Na minha opinião o consumidor brasileiro não sabe reclamar. Alguém comentou sobre o lobby do carrefour economizando milhões com essa onda ecologicamente correta? – Lucas, existe um outro lado da ecologia e você podia falar disso também…

  6. Alysson

    Na Espanha está acontecendo o mesmo. Começou no Carrefour, mais ainda não é lei. Estou na fase crise de abstinência… “hasta luego!”

  7. milci santana

    muito bom.

  8. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    sensacional..

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