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1 notícia, 2 leituras: A carta de Dilma para FHC

Itamar Franco, o incompreendido

O blog inaugura uma nova seção: 1 notícia, 2 leituras.

Em carta a Fernando Henrique Cardoso, em homenagem a seus 80 anos, Dilma Rousseff atribuiu ao ex-presidente tucano o fim da hiperinflação.

Hoje, a presidente ganhou um inimigo para toda a vida: Itamar Franco.

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Itamar permanece internado; crescem as chances de suplente de currículo nebuloso assumir Senado

Zezé Perrela: o suplente-problema

A notícia de que o senador Itamar Franco (PPS-MG),  80 anos, permanecerá internado para tratamento de leucemia traz apreensão. Se Itamar for obrigado a se afastar por período superior a 120 dias, seu suplente, Zezé Perrela (PDT), assumirá seu lugar interinamente. Itamar já está fora de combate há 19 dias.

Cartola do futebol (ele é presidente do Cruzeiro), Zezé Perrela tem um currículo nebuloso, para dizer o mínimo. Já foi alvo de investigação da Polícia Federal por suspeita de lavagem de dinheiro e seu patrimônio faz Antonio Palocci parecer um pobretão.

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Três meses sem oposição

O governo Dilma Rousseff já conta três meses. O que fez e o que deixou de fazer nesse período não chega a ser surpresa. A efeméride, contudo, esconde um fato perturbador: faz três meses que o governo não tem oposição.

O DEM – ex-Arena, ex-PFL e hoje auto-intitulado “partido das novas idéias” – esfacela-se à luz do dia. Uma de suas principais lideranças, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, criou um novo partido, o PSD, e já flerta abertamente com Dilma.

O DEM nada faz para projetar-se como futura opção à Dilma e, nesses três meses, foi incapaz de apontar os (inúmeros) furos do governo.

Marina Silva, a suposta grande revelação da política nacional, inflada a não mais poder pela imprensa na campanha presidencial, é outra que está perdida, perdida. Descobriu agora (mas só agora?) que seu PV é uma panelinha e já ameaça debandar. Para onde vai, o que quer, é uma incógnita.

O autofágico PSDB, por sua vez, consome suas entranhas. Sem perspectiva de espaço político, José Serra passa os dias a treinar o abraço do afogado em seu “companheiro” Aécio Neves. Já este, ungido grande líder das oposições, até agora não disse a que veio (no Senado, até Itamar Franco consegue fazer mais barulho que ele).

No primeiro grande teste do governo no Senado, a votação do salário mínimo, no final de fevereiro, Aécio foi uma nulidade. A jornalista Dora Kramer, do Estadão – ela, não exatamente uma petista empedernida; o jornal, um bastião da imprensa anti-PT –, acompanhou a votação e fuzilou no Twitter: “Aécio foi a grande ausência”; “Aécio decepciona com falta de posição”.

Nulo no presente e sem discurso para o futuro, Aécio parece também ter sido foi engolido pelo passado. Diante da gerentona Dilma Rousseff, que toca o governo com padrões administrativos acima da (medíocre) média das últimas décadas, Aécio abandonou seu mantra de “choque de gestão”. Ficou sem discurso.

Sem oposição, perde o país. Sem oposição, aumentam as chances de o governo do PT se perder na sua soberba. Vai mal a coisa.

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GSI 1 X 0 Abin (Ou o monstro ainda vive e continua verde)

Deu no Estadão: o ministro-chefe do GSI, general José Elito Carvalho, venceu a queda de braço com os agentes da Abin que reivindicavam a reformulação do serviço secreto.

General Elito: no serviço secreto, o verde-oliva não sai de moda

A Agência Brasileira de Inteligência, um órgão civil, continuará subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional, uma repartição de cultura militar.

Perde o Estado Democrático de Direito.

Ainda não surgiu um presidente civil com coragem suficiente para tirar dos militares o comando do serviço secreto, um órgão que, como em qualquer lugar do mundo, age na clandestinidade e, quando preciso, joga sujo.

O primeiro governo pós-ditadura, de José Sarney (1985-90), nada fez nessa área. Basta dizer que manteve intacto o famigerado Serviço Nacional de Informações (SNI).

Fernando Collor (1990-92) fingiu que acabou com o SNI, mas na verdade apenas desidratou o monstro. Pelo menos teve o mérito de retirar o serviço secreto das mãos dos militares.

Itamar Franco (1992-94) restabeleceu a militarização do serviço secreto, aprofundada depois por Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) conseguiu superar FHC ao retirar da Abin e repassar diretamente ao GSI a condição de cabeça do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), estrutura que reúne os aparatos de Estado mais sensíveis na área de informações (Abin, Receita Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Anvisa etc.).

Agora, Dilma Roussef vai no mesmo rumo. Abafa um motim na Abin, promovido por agentes que reivindicavam o fim da ligação com o GSI, e reforça as atribuições do Gabinete de Segurança Institucional em relação ao serviço secreto.

Segundo o Estadão, o general Elito recebeu de Dilma a tarefa de promover “uma reformulação de natureza ideológica e operacional” na Abin. O serviço secreto precisa, sim, de uma reformulação profunda, mas não comandada por um general da ativa. Para começar, é necessário:

1) Cortar os laços da Abin com o GSI e, por conseguinte, com as Forças Armadas, reforçando assim a natureza civil da agência;

2) Retirar a Abin do campo interno, deixando-a voltada exclusivamente para o campo externo;

3) Fazer com que o Congresso assuma o dever legal, já estabelecido, de efetuar o controle externo da Abin.

Enquanto isso não acontecer, os motins na Abin continuarão acontecendo, os governantes continuarão a ser surpreendidos com escândalos gerados no serviço secreto e a transição democrática continuará inacabada.

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Itamar está de volta (e em boa forma)

Itamar foi o centro das atenções hoje no Senado

Aécio Neves? Que nada! O grande nome da oposição no Senado até agora é Itamar Franco (PPS-MG). Com 80 anos, o ex-presidente mostra uma disposição juvenil para acossar o governo.

Hoje, ele foi o destaque na sessão do Senado que discutiu o salário mínimo. Acusou Sarney, presidente da Casa, de usar o regimento para “cercear” a oposição, e, usando de sua malícia, obrigou o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), a lembrar no microfone do plenário o episódio em que o então presidente João Baptista Figueiredo (1979-85) disse que daria um tiro na cabeça se ganhasse o salário mínimo. Aécio Neves, o grande líder das oposições, nada falou.

Não é a primeira vez que Itamar mostra que voltou a Brasília para fazer a diferença. Nem bem tomou assento na recém-criada comissão que estuda a Reforma Política, ele propôs o fim da reeleição – e não foram poucos que pararam para escutar suas palavras, inclusive Aécio Neves e Fernando Collor, que também fazem parte da comissão, mas que até agora nada disseram de relevante sobre o tema.

Arriba, Itamar! E lá se vão 17 anos daquele inesquecível carnaval de 1994.

O Executivo e o Legislativo não querem colocar a Reforma Política na agenda política. Até o carpete azul do Senado sabe que Sarney criou uma comissão de notáveis para melar a Reforma Política, o chamado “enterro de luxo”. Esqueceram, contudo, de avisar o Itamar. Ou se esqueceram de quem é Itamar.

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Aécio estreia fase fenômeno na oposição, mas o jogo apenas começou

Aécio surfa bem em mar bravio?

Imediatamente após a eleição do ano passado, Aécio Neves começou a ser apontado como líder maior da oposição e candidato natural do PSDB à Presidência em 2014. Nos quatro meses seguintes, o mineiro gastou toda a sua energia para acabar de enterrar o colega tucano José Serra e com isso fazer valer a profecia. Agora, finalmente, Aécio se apresenta.

Na sexta-feira, o senador mineiro levantou sua voz contra o governo do PT, chamando para si o papel de líder das oposições. Ao comentar o rolo compressor do governo na votação do salário mínimo na Câmara, Aécio disse, num estilo pouco comum a ele: “Um governo que assume dando ordens ao Congresso Nacional traz consigo um viés autoritário, não é bom para a democracia”. Nenhum outro membro da oposição bateu tão forte, incluindo os melhores zagueiros e as maiores estrelas.

Curioso é que Aécio teve uma posição amena nas articulações do salário mínino. Ciente do momento histórico, porém, ele teve presença para faturar no momento certo, o do desfecho da novela (Tancredo treinou bem o discípulo).

A base governista reagiu. “Pelo visto, ele <Aécio> quer competir com o Tiririca como comediante”, comentou o deputado paulista e ex-presidente do PT Ricardo Berzoini, referindo-se ao fato de que, no período em que governou Minas (2003-2010), o tucano usou e abusou de leis delegadas –“a pior forma de desprezar o Legislativo”, definiu Berzoini.

Tanto a ação de Aécio quanto a reação do PT suscitam três perguntas?

1)      Aécio terá forças para segurar o rojão de líder-mor oposição contra um governo forte como promete ser o de Dilma Rousseff?

O tucano sempre remou com a corrente a favor. Foi da base do governo Sarney (1985-1990), foi oposição no frágil e detestável governo Collor (1990-92), foi novamente governo nas gestões Itamar Franco (1992-1994) e FHC (1995-2002) e, graças à blindagem da imprensa mineira e à boa vontade monumental da imprensa nacional, surfou sem maiores dificuldades nos oito anos de seu governo em Minas. Aécio sempre foi o conciliador, o amigo de Lula, o político que conseguia unir PT e PSDB numa mesma chapa. Agora não dá mais. O PT está num lado do ringue, e Aécio, no outro. Até 2014, será pau puro. Se o mineiro quiser mesmo ser eleito presidente na próxima eleição, precisará desalojar uma verdadeira máquina de grudar no poder, o PT.

2)      O PT assistirá a ascensão de Aécio sem uma reação mais forte?

Como já foi dito aqui, Aécio só foi na boa até agora. Nunca teve de enfrentar oponentes à altura. Mas agora terá pela frente Dilma e o PT, ambos imbuídos de disposição e ferocidade samurais. Para chegar e permanecer no Planalto, o PT deixou muitos corpos destroçados no campo de batalha do adversário. Sabe fazê-lo e, pior, gosta de fazê-lo.

3)      Agora que conseguiu, pelo menos por ora, solapar José Serra e se apresentar como super candidato na eleição de 2014, Aécio continuará gozando da condição de “carta branca” na imprensa?

Pense rápido. Você já leu nos jornalões e revistonas, ouviu no rádio ou assistiu na TV alguma reportagem mais profunda sobre Aécio? Alguma matéria que apresente não apenas suas muitas e grandes virtudes, mas também alguma fraqueza ou mesmo um tombo na vida pública? Acostumada a buscar pêlo em ovo, a grande imprensa foi incapaz até agora de apontar um deslize sequer de Aécio nos seus 16 anos como deputado federal ou nos oito como governador. Convenhamos, nem Gandhi ou Madre Teresa de Calcutá foram tão imaculados.

É certo que a porção da imprensa anti-petista – ou, no caso de Minas, da aecista – continuará protegendo o tucano. Mas há também a imprensa independente, a puro-serrista e a lulo-dilmista. Esta última, até agora, tem preservado ou mesmo inflado Aécio porque isso contribuía fortemente para a débâcle de Serra. Mas, com Serra fora do baralho, num confronto direto de Aécio com Dilma ou, quem sabe?, com Lula, o jogo poder mudar. (Leio agora, no blog de Paulo Henrique Amorim, até então suave com o mineiro, a seguinte nota: “Aécio, o autoritário, chama Dilma de autoritária”. )

Aécio é um craque, mas o craque agora quer jogar a Copa do Mundo com a camisa 10. Como no futebol, o resultado final é uma caixinha de surpresas.

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Serra caiu no conto dos mineiros

Depois daquele beijo, Serra começou a virar sapo

José Serra não aprende. Não bastasse o isolamento numa fatia grande do PSDB, operação armada pelo senador Aécio Neves, seu colega-adversário, Serra caiu numa armadilha montada por Itamar Franco (PPS-MG), senador redivivo na última eleição justamente pelas mãos de Aécio.

Nos últimos dias, Itamar, o imprevisível, saiu pelos corredores e pelo plenário do Senado a defender a convocação de Serra à Casa. Itamar advogava que Serra deveria ser chamado para defender publicamente a proposta que apresentara na campanha presidencial de elevar o salário mínimo a R$ 600 ainda neste ano. O objetivo de Itamar, segundo o próprio, seria ampliar o debate sobre o tema, até então dominado pela proposta do governo, de R$ 545. Muito bom, muito bem, não fosse o fato de que, até a eleição de 2010, quando ao menos tecnicamente estiveram no mesmo lado, Itamar alimentou por Serra um desprezo colossal. (Nesse caso, não valia a máxima de que mineiro não briga, mas também não perdoa, já que um dos esportes preferidos de Itamar sempre foi falar mal de Serra.) Noves fora os desentendimentos do passado, o certo é que, do Senado, Itamar lançava um tapete vermelho na direção de Serra – e o gestou encontrou ressonância. Dando gás ao plano, o jornal Estado de Minas, porta-voz dos interesses de Aécio, replicou o convite: “Itamar quer convocar Serra para explicar mínimo de R$ 600”.

Parecia armadilha – e era. Mas Serra pagou para ver.

Ontem, Serra foi a Brasília. Não falou no Senado, mas em reunião com deputados e senadores tucanos, o candidato derrotado à Presidência defendeu o salário mínimo de R$ 600. “É factível”, disse ele. No mesmo dia, o governador de São Paulo, o também tucano Geraldo Alckmin, anunciou que o valor do salário mínimo no Estado será de R$ 600. Por algumas horas, alguns jornalistas, eu inclusive, enxergamos na fala sincronizada de Serra e Alckmin uma inusitada harmonia no ninho tucano. Cheguei a postar no twitter (@_lucasfigueired) que Itamar tinha servido de escada para Serra. Qual o quê. Em Minas, nada é o que parece.

Leio hoje na coluna Painel da Folha de S.Paulo, usada por Aécio para mandar recados, a seguinte nota:

“Água e óleo – Até o salário mínimo divide José Serra e Aécio Neves. Enquanto o primeiro foi a Brasília tentar convencer a bancada tucana a abraçar os R$ 600 defendidos por ele na campanha, aecistas argumentaram que a oposição soará oportunista se bater o pé por esse valor, especialmente se as centrais sindicais aceitarem algo mais modesto, como tudo indica que irá acontecer.”

Não foi a única lambada que Serra levou. Ontem, o Estado de Minas – o mesmo que noticiara com destaque o inusitado interesse de Itamar em convocar Serra ao Senado – noticiou na capa: “Serra defende R$ 600, mas prefeitos tucanos refutam”.

Buscando a luz, fugindo do fracasso da eleição e da perseguição de seus pares tucanos, Serra acreditou que ia se dar bem com o aceno de Itamar. Não sabia ele que Minas é a Calábria do Brasil.

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