Ah, é uma maravilha… Sabe aquele corre-corre que você está acostumado quando vai viajar de avião? Não precisa. Quem escolhe a hora de decolar é você. E se por acaso você se atrasar não tem problema. O piloto espera.
Check-in? Despacho de bagagem? Fila? Esqueça também! Você simplesmente chega ao aeroporto, entra por uma porta especial e sai direto na pista, deslizando com sua mala até o avião. Escalas indesejadas? Troca de avião? Nunca mais. As viagens são ponta a ponta, mesmo num roteiro inusual, como, por exemplo, Petrolina-Goiânia.
Melhor que isso só quando, além do jatinho, você também pode contar com o apoio de um helicóptero para fazer pequenos deslocamentos. Ou você prefere gastar uma hora no trânsito contra cinco minutos no helicóptero?
É compreensível que os senadores José Sarney (PMDB-AP) e Aécio Neves (PSDB-MG), o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (PMDB), o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT), o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), e centenas de políticos e autoridades do Executivo gostem tanto de viajar de jatinho e helicóptero. Que continuem tendo o prazer de voar com conforto extra. Mas desde que paguem por isso.
“Carona” em jatinho e helicóptero privados não existe, é uma desculpa esfarrapada. O que existe é um relacionamento promíscuo, já institucionalizado, entre homens públicos e agentes privados – estes, claro, sempre solícitos a paparicar aqueles, não por cortesia, mas por interesse.
Homens públicos não podem usufruir de favore$ de agentes privados. É no mínimo imoral, quando não ilegal.
Caro Lucas, há tempos acompanho o seu blog. Gosto muito de tudo que você escreve. Este post, especificamente, me gerou uma aflição. Não pelas suas palavras, mas pelos fatos que você noticia: toda essa farra compartilhada nos ares pelos nossos políticos. Há tempos andam dizendo que os nossos políticos são muito caros, que a máquina pública gasta além do que pode. Há tempos a imprensa noticia esses gastos. E você, de forma criativa e descontraída também fala disso.
Mas além dos fatos expostos nesse post, me aflinge saber que não podemos fazer muito em relação a tudo isso. Mao Tse Tung disse que a revolução só é possível com a violência. Ao mesmo tempo, assistimos omissos a tudo isso. Nos manifestamos por meio da escrita. Mas vc acredita que escrevendo, está contribuindo para a mudança? Você informa às pessoas de todas as sugeiras que acontecem na política, mas é o suficiente?
Não sei. Vejo um conformismo muito grande por parte de todos. Nós reclamamos, xingamos no facebook, colocamos a boca no trombone/blog, mas nada muda…
E aí meu caro Lucas, o que dizer?
Caro Luan
Não sou pessimista. Acho que as coisas estão mudando – e para melhor. Veja o que era o Brasil de 20 anos atrás, 50 anos atrás.
A corrupção é endêmica no Brasil? Sim. Será para sempre? Tenho esperança de que não.
Sou um jornalista, e o papel do jornalista é contar histórias, boas histórias, retratar o momento, mexer com o público. Meu papel, acredito, é ser um instrumento de indignação. Um dia a indinação transborda. Veja a Primavera Árabe. Nossa vez vai chegar.
Grande abraço.
Lucas