Em tempos de “faxina”, a PF volta ao centro do palco

O sujeito da foto acima é o delegado Paulo de Tarso Teixeira, diretor-executivo da Polícia Federal. Foi ele o escalado para falar aos jornalistas sobre a Operação Voucher, que prendeu hoje 33 pessoas – entre elas o número 2 do Ministério do Turismo, Frederico Costa– suspeitas de desviar dinheiro público .

Olhe de novo a foto do delegado. Paulo de Tarso é um tipo muito magro e, como revela sua voz, sempre baixa, tímido feito uma criança. Quem não conhece o delegado podia jurar que se trata de um padre. Ele é educado, sereno e sorri com facilidade. Em 13 anos, nunca o vi gargalhar.

Certa vez, quando ainda fazia trabalhos de campo casca grossa em Mato Grosso, Paulo de Tarso descobriu o esconderijo de uma quadrilha de criminosos perigosos, traficantes de droga. Como estava sozinho, o delegado pediu reforços e ficou a espera de seus colegas para juntos poderem estourar o covil.  O medo deveria ser o sentimento maior de Paulo de Tarso naquele momento, mas não era. Era a angústia. E se os bandidos percebessem que se encontravam num alçapão e fugissem antes da chegada do reforço policial? Talvez não fossem agarrados tão cedo. Talvez na fuga ferissem ou matassem alguém.

O apoio pedido pelo delegado não demorou a chegar. A cena, contudo, era outra. Dominados e rendidos por Paulo de Tarso, os bandidos já aguardavam as algemas. Junto deles, 200 quilos de cocaína. Paulo de Tarso calculara que conseguiria prender a quadrilha sozinho, e assim o fez.

Não se engane com Paulo de Tarso. Ele é o mineiro com cara de sonso mais esperto que apareceu até hoje na Polícia Federal.

xxx

A PF andava meio apagada na gestão de Dilma Rousseff. Motivo: um profundo corte no orçamento que tirou parte do oxigênio dos federais (verbas para passagens aéreas, estadia em hotel, diárias e, em alguns Estados, até gasolina para os carros).

A penúria continua, mas o astral começa a mudar. A Operação Voucher teve início em abril e em apenas quatro meses apurou o suposto desvio de R$ 3 milhões por suspeitos ligados ao PMDB e ao PT.

Como a palavra da hora é faxina, seria ingenuidade supor que a PF ficaria de fora. Mesmo com verba curta.

Agora a arrumação promete ficar ainda mais animada…

4 Comentários

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4 Respostas para “Em tempos de “faxina”, a PF volta ao centro do palco

  1. Elias Brigagão Pinheiro

    Gostaria de saber se esse delegado Paulo de tarso Teixeira, foi sargento do exército, servi no 14’GAC pouso Alegre mg em 1985, e esse delegado se parece demais com esse sargento, e como estou reunindo a turma de 85 tá faltando alguns sgentos e soldados, se puder responder ficarei grato.

  2. Pingback: Nem bem a PF entrou em cena e já querem tirá-la da “faxina”. Por que? | Blog do Lucas Figueiredo

  3. Pingback: “Faxina” entusiasma e a estatal Agência Brasil fura imprensa na cobertura da Operação Voucher | Blog do Lucas Figueiredo

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