Aliados expõem Dilma e paralisam governo

A análise abaixo, de Vera Magalhães, dá a dimensão exata da indigência da oposição e do gigantismo dos problemas de Dilma Rousseff na base aliada – muito desses problemas, diga-se de passagem, criados pela própria presidente.

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Aliados expõem Dilma e paralisam governo

Vera Magalhães, do blog Presidente 40, da Folha.com

Enquanto a oposição parece um time de futebol que só sabe uma jogada –pedir CPI de tudo, sem nunca conseguir as assinaturas necessárias– a base aliada resolveu se comportar como um “carrossel holandês” para constranger e expor a presidente Dilma Rousseff.

O resultado é a completa paralisia do governo no campo da articulação política.

Numa sequência quase inacreditável de acontecimentos, em uma semana e sem que a oposição movesse uma palha, Brasília produziu os seguintes fatos:

1) depois de demitido da Conab por acusação de irregularidades, o ex-diretor financeiro da autarquia Oscar Jucá, irmão do líder do governo no Senado, disse em entrevista à revista “Veja” que “só tem bandido” na empresa e envolveu o ministro da pasta, Wagner Rossi, nas acusações;

2) demitido do Ministério dos Transportes, o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) foi à tribuna da Casa para atingir seu sucessor, Paulo Passos, e dizer que Dilma foi informada de que havia problemas na pasta;

3) Nelson Jobim, depois de ter dito que votou em José Serra, criticou duas ministras recém-nomeadas por Dilma;

4) o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, disse ao Painel da Folha que “há dificuldades na gestão política” do governo;

5) num toque de pastelão à comédia, José Sarney afirmou que Ideli Salvatti não pode ser chamada de “fraquinha”, como teria feito Jobim, pois seria até mesmo “gordinha”

6) em uma fração de hora, Michel Temer disse no Amazonas que “não haverá problema nenhum” com Jobim, como a bancá-lo no cargo, e o líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza, tratou o titular da Defesa como ex-ministro no Salão Verde.

Tudo isso num governo do qual se falava, em seu início, que assessores e ministros teriam cautela em falar qualquer coisa por medo da reação de Dilma.

Sarney não é nenhum neófito em política. Se falou o que falou, foi para humilhar a ministra da articulação política –numa demonstração de ingratidão, já que Ideli ajudou a salvá-lo dos pedidos de cassação em 2009.

Jobim tampouco é um inconsequente. Se reincide na verborragia o faz por método, não por deslize.

Diante de tal quadro de descontrole na área política, ou Dilma trata de cobrir os flancos abertos e agir ou enfrentará em breve derrotas importantes no Congresso. E não lhe serão impingidas pela oposição, que estará distraída colhendo assinaturas para alguma CPI.

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