Aécio e a Minas de faz-de-conta

Aécio honra o nome de Minas, onde tudo é permitido, menos o escândalo

Já deu para ver a linha que o senador Aécio Neves pretende seguir em seus artigos semanais (às segundas-feiras) na Folha de S.Paulo. Seja lá qual for o assunto, sempre há um comentário do tipo “lá em Minas Gerais é diferente; é muito, mas muito melhor”.

No texto de hoje (”Arquiteturas políticas”), Aécio analisa a dita “faxina” promovida pela presidente Dilma no Ministério dos Transportes e no DNIT. Elogia aqui, critica acolá, problematiza, até que faz a tradicional pausa para o auto-elogio, travestido em loas a Minas. Vejam só:

“Não podemos cair na armadinha de acreditar que exista um esforço novo para fazer valer uma autêntica faxina institucional, enquanto o que vemos se restringir apenas a respostas pontuais à indignação da população diante de denúncias da imprensa.”

“Instrumentos simples, implementados por meio de auditorias permanentes dos órgãos federais, poderiam significar uma providência muito mais eficaz do que a simples troca de cadeiras. Em Minas, por exemplo, a criação e o efetivo funcionamento de uma rede de auditorias preventivas representaram importantes conquistas do modelo de gestão lá implantado.”

Noves fora omitir que governou Minas tendo o enlameado PR ao seu lado, inclusive na área dos tran$porte$, Aécio tenta fazer crer que “lá em Minas” há mecanismos técnicos que servem de dique para a corrupção. Há de fato um dique que funciona contra escândalos envolvendo desvio de dinheiro público “lá em Minas” – um dique não, alguns diques: o silêncio imposto às redações, a patrolagem tucana na Assembléia Legislativa, uma grande dose de camaradagem entre autoridades que fiscalizam e autoridades que são fiscalizadas…

“Em Minas tudo é permitido, menos o escândalo”, diz um ditado local. Essa é a diferença.