Muitas honrarias, muitos elogios, muitas homenagens, mas agora chega. O PSDB mineiro sequer esperou a missa de sétimo dia de Itamar Franco para avançar sobre os cargos da cota do ex-presidente na Cemig, a joia das joias das empresas controladas pelo governo do Estado.
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Ana Flávia Gussen – Hoje em Dia – 07.07.2011
“Que eles abram os olhos, pois o fogo amigo está a caminho”. O conselho, que partiu de um itamarista ligado à alta cúpula da Cemig, mostra que a morte do senador Itamar Franco (PPS), ocorrida no último sábado em decorrência de um acidente vascular cerebral, pode abrir caminho para as investidas de figuras ligadas ao PSDB que já estariam mirando a presidência da estatal, ocupada há 11 anos por Djalma Morais e conhecida como “a menina dos olhos de Itamar”. O senador foi o maior defensor da manutenção de Djalma na Cemig.
De acordo com a fonte, a estratégia já estaria traçada. Djalma seria transferido para o comando da Light, controlada pela estatal mineira, sob o argumento de que a geradora precisaria passar por uma “modernização”, nos moldes da administração do itamarista à frente da Cemig. Além disso, o fato de a família do presidente da estatal residir no Rio de Janeiro também facilitaria sua transferência.
Outro interlocutor, ligado ao Governo, confirmou o “fogo amigo”. “A pressão parte do Danilo de Castro (secretário de Governo), mas o governador Antonio Anastasia (PSDB) já confirmou que nos próximos seis meses não vai nem tocar nesse assunto”, disse.
Quanto à especulação dos nomes cotados para ocupar a presidência, os mais citados são o do próprio Danilo e do presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), Oswaldo Borges da Costa, que é ligado ao senador Aécio Neves (PSDB).
Apesar das informações estarem ganhando corpo nos bastidores da política mineira, oficialmente alguns membros d o grupo ligado ao ex-presidente Itamar refutam qualquer possibilidade de investidas de tucanos para mudar a direção da estatal.
O deputado estadual Bruno Siqueira (PMDB), afilhado político de Itamar em Juiz de Fora, negou a informação e declarou que se trata apenas de especulações da imprensa. “Não existe movimentação nenhuma, nunca houve nada disso.”
O ex-deputado Marcelo Siqueira também negou: “Se o Anastasia manteve o Djalma na presidência, não tem porque mudar.”
A morte do ex-presidente também abre brechas para o andamento de outro projeto controverso: a aquisição da distribuidora de energia de Goiás, Celg, que, apesar de valor R$ 5 bilhões, está quebrada, somando um passivo de R$7 bilhões. Segundo uma fonte, um grupo ligado ao senador Aécio Neves (PSDB) teria interesse em efetivar a compra da geradora que, mesmo estando quebrada, funcionaria como um “agrado político” ao governador goiano, Marconi Perillo.
A Celg, Centrais Elétrica de Goiás, conta com problemas de saneamento financeiro, rede de distribuição de energia considerado ruim por analistas de mercado e dívidas com o Governo federal.
O diretor de Comunicação da Cemig, Luiz Henrique Michalick, não negou nem confirmou a intenção da estatal de adquirir a Celg. “A Cemig não comenta essas possíveis aquisições. Mas como o próprio presidente Djalma e outros diretores vêm declarando, todo tipo de ativo interessa à Cemig. Mas não temos nada adiantado”.
* Com Amália Goulart