
Bertolino agora ameaça ler minha nova reportagem com "lupa de precisão". Como é certo que não vai entender o que escrevi, é possível que não goste
Começo a entender por que Osvaldo Bertolino, funcionário da Fundação Maurício Grabois, me ataca: ele não entende as coisas que escrevo.
Em texto publicado em seu blog e no Vermelho.org, Bertolino afirma (Fantasia? Imagina? Torce?) que com meu post Quando o jornalismo incomoda (II) dei como encerrado o debate que travamos em torno da reportagem de minha autoria (Devaneio na selva) publicada na CartaCapital de 27 de abril. De onde Bertolino tirou isso?
Julgando-me ausente da arena, ele volta aos ataques histéricos – coisa de quem não tem argumentos – ao dizer que, praticando “jornalismo marrom”, manchei as biografias e demonizei o legado dos guerrilheiros do Araguaia.
Bertolino se parece com aqueles soldados japoneses que viveram isolados, durante décadas, imaginando que a Segunda Guerra não havia acabado. Bertolino ainda vive sua guerrilha. Está dentro das matas do Araguaia, com sua caneta nas mãos, esperando as tropas de Médici. Acredita que com sua luta derrotará o imperialismo ianque e finalmente colocará o Brasil no rumo da Albânia e da China comunistas.
Alguém precisa avisá-lo que a guerrilha acabou, que a ditadura não existe mais. E que hoje, 36 anos depois, já é possível analisar a Guerrilha do Araguaia com a distância que a boa pesquisa exige.
Afirmar, com base em documentos, que as Forças Armadas cometeram crimes na ditadura não significa enxovalhar os militares. Assim como dizer que, com base no diário que escreveu, que Maurício Grabois errou (e muito) como dirigente partidário e comandante militar não diminui sua importância na resistência à ditadura.
Em seu novo texto, Bertolino afirma que vai ler com “lupa de precisão” a nova reportagem de minha autoria, publicada na CartaCapital desta semana, sobre mais um crime dos militares na ditadura: o sequestro de bebês, filhos de guerrilheiros desaparecidos. Não espero grande coisa de sua análise. Bertolino acha feio tudo aquilo que não é espelho. Só entende as coisas que ele mesmo escreve.
Acho que culpa esta na direção do PC do B, que fugiu assim que começou o massacre, iludir jovens universitários em combater um exército com revolver 38 espingardas e rifles 44 sem nem um apoio logístico, até que durou bastante .
Um desastre sua matéria sobre Maurício Grabois. Uma indignidade.
Caro Lucas Figueiredo,
ninguém é dono da verdade e muito menos existe imparcialidade, quando se analisa algum fato da vida real. Isto tanto vale para o Bertolino, quanto para você. Na minha modesta opinião, você comete equívocos na sua matéria publicada na Carta Capital. Por exemplo, o que você classifica de devaneios, poderia ser muito bem idealismo e determinação de uma sociedade mais justa. Portanto, um pouco mais de humildade, quando analisar e interpretar ações de mulheres e homens que deram suas vidas por uma causa.
Mesmo respeitando a memória dos que morreram no Araguaia, como Lúcia e Jaime Petit, de quem fui aluno e amigo, reafirmo em alto e bom som: esse resto do PCdoB é a vanguarda do atraso!…
Lucas Figueiredo,
Osvaldo Bertolino é um intelectual orgânico. Tem lado. Ser militante não o descredencia. Antes de desqualificá-lo, agora chegando as raias da baixaria, como faz neste “ Quando o jornalismo imcomoda III ”, deveria ter a preocupação de ler o seu Maurício Grabois, Uma vida de combates , como fiz.
Como li também o seu “Olho por olho”, sei que é, como Bertolino, um jornalista distinto e íntegro.
Acho que a polêmica deu o que tinha de dar.
O Bertolino não percebe que, agindo desse jeito, tem o comportamento muito parecido com um agente do Ternuma, só que com o sinal trocado. Eles também acham que a imprensa é uma horda de esquerdistas, que a história da ditadura só é escrita do ponto de vista dos “vencedores” e outros delírios malucos. A matéria só agradaria se você reproduzisse a versão mitológica da guerrilha do Araguaia. É a lei da selva…