O mensalão e eleição de 2014

Mensalão: acabou a era da inocência

É realmente um espanto a reportagem de capa desta semana da revista Época com o novo relatório da Polícia Federal sobre o mensalão. Não pelo que o relatório traz de novidade (um ou outro nome ou detalhes até então desconhecidos do mensalão).

Quem ainda não sabia que o PT montara uma poderosa máquina de corrupção no governo Lula para financiar campanhas eleitorais e comprar a boa vontade do Congresso?

Quem ainda não conhecia as provas que indicam que essa máquina fora alimentada com dinheiro público do Banco do Brasil, por intermédio de recursos do Visanet?

Quem ainda não sabia que o onipresente empresário Daniel Dantas também estava metido no enrosco?

O que de novo há na reportagem é a disposição da mídia de jogar ao mar dois personagens até então preservados nessa história: o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel (PT-MG), e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Até então, a grande imprensa – com raras e honrosas exceções – se negara a divulgar que a campanha de Pimentel a prefeito de Belo Horizonte em 2004 recebera dinheiro do valerioduto. Do mesmo modo, boa parte da mídia se calava sobre a estreita ligação do governo Aécio Neves em Minas com Marcos Valério.

A Época deu a senha: os pesos pesados Fernando Pimentel (amigo e colaborador mais próximo da presidente Dilma Rousseff) e Aécio Neves (o principal nome da oposição), ambos candidatíssimos em 2014 (ao Governo de Minas e à Presidência, respectivamente), não contam mais com o escudo protetor da grande imprensa. Essa é a novidade.

5 Comentários

Arquivado em Colarinho branco, Imprensa, Política

5 Respostas para “O mensalão e eleição de 2014

  1. Pingback: Desconstruindo Pimentel | Blog do Lucas Figueiredo

  2. Fernando Pimentel nunca foi citado como envolvido no tal Mensalão. Por que, agora, seis anos depois do ocorrido, seu nome aparece nos jornais? Ah que se pensar bem sobre isso… http://amigosdopimentel.com.br/profiles/blogs/contra-fatos-nao-ha-argumentos

    • Na página 118 do meu livro O Operador, lançado em 2006 (ou seja cinco anos atrás), está escrito: “O quinhão petista no valerioduto desencravou unhas por todo o país. (…) Em 2004, parte do dinheiro (R$ 774 mil) reforçou a campanha à reeleição do prefeito de Belo Horizonte, o petista Fernando Pimentel”.

  3. Rui

    mas e a Carta Capital apresentou uma versão partindo do corruptor – é possível acreditaer?

  4. Mas o grande jornal dos mineiros certamente fará vista grossa, como nos tempos em que ambos trabalhávamos lá. Abs.

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