O governo Dilma Rousseff já conta três meses. O que fez e o que deixou de fazer nesse período não chega a ser surpresa. A efeméride, contudo, esconde um fato perturbador: faz três meses que o governo não tem oposição.
O DEM – ex-Arena, ex-PFL e hoje auto-intitulado “partido das novas idéias” – esfacela-se à luz do dia. Uma de suas principais lideranças, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, criou um novo partido, o PSD, e já flerta abertamente com Dilma.
O DEM nada faz para projetar-se como futura opção à Dilma e, nesses três meses, foi incapaz de apontar os (inúmeros) furos do governo.
Marina Silva, a suposta grande revelação da política nacional, inflada a não mais poder pela imprensa na campanha presidencial, é outra que está perdida, perdida. Descobriu agora (mas só agora?) que seu PV é uma panelinha e já ameaça debandar. Para onde vai, o que quer, é uma incógnita.
O autofágico PSDB, por sua vez, consome suas entranhas. Sem perspectiva de espaço político, José Serra passa os dias a treinar o abraço do afogado em seu “companheiro” Aécio Neves. Já este, ungido grande líder das oposições, até agora não disse a que veio (no Senado, até Itamar Franco consegue fazer mais barulho que ele).
No primeiro grande teste do governo no Senado, a votação do salário mínimo, no final de fevereiro, Aécio foi uma nulidade. A jornalista Dora Kramer, do Estadão – ela, não exatamente uma petista empedernida; o jornal, um bastião da imprensa anti-PT –, acompanhou a votação e fuzilou no Twitter: “Aécio foi a grande ausência”; “Aécio decepciona com falta de posição”.
Nulo no presente e sem discurso para o futuro, Aécio parece também ter sido foi engolido pelo passado. Diante da gerentona Dilma Rousseff, que toca o governo com padrões administrativos acima da (medíocre) média das últimas décadas, Aécio abandonou seu mantra de “choque de gestão”. Ficou sem discurso.
Sem oposição, perde o país. Sem oposição, aumentam as chances de o governo do PT se perder na sua soberba. Vai mal a coisa.
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Parece que agora começou a se mexer, a se ver pelas propagandas na tv sobre o atraso dos investimentos para a copa do mundo.
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Há uns quatro anos, pelo menos, que nada me preocupa mais do que a falta de uma oposição orgânica e atuante. Não se trata de ser contra ou favor do governo. Ter uma oposição de peso é importante para a democracia. Foi isto que tornou possível Lula governar como um imperador, acima do bem e do mal. Os quase noventa por cento de aprovação de Lula tem mais a ver com a ausência desta oposição do que outra explicação que repouse no líder carismático.
Lucas,
Assino embaixo!
Abraço!
Lucas,
Eu acho natural que o Aécio se afaste deste primeiro embate que foi o salário mínimo, essa proposta defendida pelo PSDB ainda é herança (loucura) do Serra, portanto, faz sentido ele não se envolver neste ponto.
Acho natural também que ele implante uma oposição diferente do que o PSDB vinha fazendo nos últimos tempos, uma oposição alternativa e não destrutiva.
Ainda está muito cedo pra avaliar.
Agora alguns outros pontos:
1. O DEM está mais perdido que a Marina, pq não tem muitas alternativas mesmo
2. A Marina é uma ótima senadora
3. A Dilma vem fazendo um governo mais efetivo que o Lula
Um abraço e gostei do post
Lucas,
É impressão minha ou um erro de avaliação, mas não estão ‘inflando’ um pouco o Itamar Franco na tentativa de ofuscar o Aécio?
Itamar é um bom orador. No deserto que se transformou o Senado e a oposição em geral, ele aparece maior do que de fato é. É aquela história, em terra de cego…